Sento-me diante do computador para escrever a travessia número 15 e sou tomada por um sentimento forte. Só agora me dei conta de que já foram 15 temas diferentes desde que plantamos aquela sementinha- em setembro de 2022.
Aquela semente semeada alguns dias antes da primavera, com certa despretensão, germinou e deu diversos frutos. Nascemos com o intuito de conduzir e apoiar transições pessoais e coletivas para uma visão de mundo que sustenta e celebra a vida e acho que estamos no caminho.
Há dois anos, escolhemos um tema essencial para a regeneração acontecer e investigamos em coletivo. Em variados formatos e vozes. De lá pra cá, trouxemos reflexões, poemas, informações, opniões, vídeos, playlists especiais, indicações de filmes, leituras, eventos… rolou até podcast e, claro, muitas conexões.
Em 2024, escolhemos percorrer por temas-verbos, porque regenerar é se colocar em movimento. É agir com consciência. Desde janeiro, navegamos por ações como: “sonhar”, “cuidar”, “desacelerar” e “escutar”. Agora adentramos uma ação que não é apenas subjetiva e metafórica. Ela é prática, mão na massa e, talvez, seja a mais necessária nos tempos atuais: plantar (e valorizar quem está plantando).
Plantar para renascer
Faz pelo menos 30 anos que os cientistas vem debatendo e nos avisando sobre o que era chamado de “mudanças climáticas”. No entanto, a sociedade pouco se mobilizou de lá para cá, acreditando que se tratava de algo para o futuro.
Postergamos tanto que agora já não falamos mais sobre mudanças climáticas e, sim, sobre colapso climático. E os seus efeitos passaram a ser uma realidade do presente em nossas vidas. Não algo que acontecerá no futuro. Secas extremas, queimadas, escassez de água e enchentes vem acontecendo com cada vez mais recorrência no mundo. Se antes falávamos em mitigações, ou seja, medidas para redução das emissões de gases de efeito estufa para evitar ou reduzir a incidência da mudança do clima, hoje falamos em adaptação e reinvenção.
Marcelo Gleiser, físico e astrônomo renomado internacionalmente, argumenta no seu livro mais recente (O despertar do universo consciente: Um manifesto para o futuro da humanidade, Ed. Record) que:
"Se queremos salvar o nosso projeto de civilização, precisamos reinventar nossa relação com a vida e com o planeta."
Reinventar, muitas vezes, não é sobre criar algo novo, mas olhar a existência de outra forma, muitas vezes de uma forma ancestral. Como disse
, Doutor em Agrônomia, escritor e meu colega colunista da Travessias:“Se o futuro é ancestral, como nos aponta Ailton Krenak, é tempo de relembrar quem somos, de que natureza a gente é feita. Ou, melhor dizendo, é tempo de recordar que somos natureza.”
Ao ler o livro do Walter (A Arte de Guardar o Sol, Bambual Editora), percebo que plantar é uma forma de nos relembrar do que somos feito, da ancestralidade dos povos originários e de reinventar nossa forma de caminhar pela vida - mais devagar e contemplativa. Afinal, quem já plantou, sabe que não há nada que se possa fazer para um mamoeiro crescer mais rápido. Ou para que os Ipês permaneçam com flor o ano todo…(Ao menos, nada natural).
Plantar é também o método comprovado para reduzir os níveis de CO₂ na atmosfera, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global e colapso climático. Além disso, as plantas ajudam a regular a sensação térmica, protegem o solo contra a erosão, conservam a água e fornecem habitats para diversas espécies.
Mas não nos deixemos enganar. O verbo plantar precisa ser seguido de consciência ecológica e de classe. Não basta sair plantando monoculturas que devastam a floresta, degradam o solo e monopolizam as terras.
Agro(floresta) é que é tudo!
Plantar… todo mundo pode?
Talvez, neste momento, você possa achar que essa é uma ação que não está nas suas mãos, mas é importante lembrar que podemos apoiar iniciativas e cobrar políticas públicas que:
Incentivem projetos de Agroflorestas e Agricultura Familiar no campo e nas cidades;
Trabalhem pela conservação e plantio de árvores nativas;
Pensem a natureza como parte da infraestrutura urbana, como os projetos de cidades esponjas, por exemplo.
Além disso, plantar pode ser para todo mundo, sim! E traz impactos diretos em quem se mobiliza.
Plantar (na varanda do apartamento, uma árvore na rua, uma horta comunitária no seu bairro ou uma mini-agrofloresta no sítio da sua família) pode ir além de um simples gesto de cuidado; é uma ação concreta para combater diversos efeitos negativos que enfrentamos atualmente.
É um gesto de esperança e de compromisso com o presente e com as futuras gerações. Através dessa prática podemos:
Polinizar vida para preservar diferentes espécies (fornecendo alimento para humanos e mais-que-humanos);
Garantir a soberania alimentar para a família ou comunidade;
Contribuir com espaços mais gostosos e com temperatura amena;
Criar laços humanos e mais-que-humanos: afinal, a terra e o campo são lugares de interconexões;
Combater sintomas como a ansiedade climática;
Aprofundar a conexão com os ciclos das estações e da natureza.
Falando em ciclos…
A Travessias está iniciando uma nova fase.
Tudo começou como newsletter da Bambual Editora, depois passamos a ser revista digital com a presença de um time de colunistas fixos e agora nos solidificamos como Revista Digital e Comunidade.
Vamos aprofundar as vivências coletivas e trazer novas ferramentas de integração e conexão de comunidades.
Além disso, a partir de setembro, a Travessias - Revista e Comunidade Digital passará a ter a maior parte dos seus conteúdos e experiências exclusivos aos assinantes.
É uma forma de adubarmos e fortificarmos o terreno para que a travessias siga no mundo. É também um jeito de honrar o trabalho das pessoas envolvidas para a Travessias acontecer e o apoio dos assinantes. Falando nisso, celebramos e agradecemos a cada um que já fez (ou ainda faz) parte dessa comunidade:
Arthur Jorge, Ricardo Pessoa, Plínia Ribeiro, Priscilla Almeida, Roberto Strumpf, Lu Mendes, Adriana Pereira de Paiva, Marise Berg, Sylvia Jarditti, Gitta Castell, Claudia Regina, Db.Pe, Bárbara Rocha, Daniela Lutfalla, Carlos Yujiro Shigue, Maurício Tartar, Irina Daudt, Isabel kscapini, Maria Paiva.
Agenda de encontros
Estar em coletivo é um dos nossos pilares. Por isso, já temos uma agenda de encontros online e ao vivo. Confira e coloque na agenda:
Para receber as instruções de como participar, basta escolher o tipo de assinatura (mensal ou anual) e você receberá por e-mail todas as instruções.
Planilha de conexões
Estamos desenvolvendo uma planilha editável para que as pessoas da Comunidade Travessias possam se conhecer melhor, divulgar seus trabalhos e se conectarem.
A principio, pensamos em colocar:
Nome
Minhas atuações regenerativas/posso regenerar com…
Quero conhecer mais sobre…
Preciso de ajuda com…
@do instagram
O que mais você gostaria de ver em uma planilha assim? Conta pra gente?
Na próxima edição enviaremos essa planilha com acesso exclusivo para a comunidade.
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A Travessias começou como newsletter da Bambual Editora, mas agora é Revista e Comunidade digital feira por (e para) quem está em transição, buscando evoluir para além do próprio umbigo.
Travessias celebra o tempo da calma, das trocas reais e que não dependem de um algoritmo. Por isso, estamos fora das redes de compartilhamento rápido e toda semana chegamos na caixa de entrada de e-mails dos assinantes, para que cada um possa ler e se envolver com o conteúdo no seu tempo.
Os saberes aqui compartilhados são transdisciplinares e indisciplinares. Mente, Corpo e Alma. Tudo se entrelaça, se mistura, se dissolve. Assim como na vida: humanos e mais que humanos entrelaçados e compartilhando a faísca que nos mantêm vivos.
É só uma questão de nos relembrarmos de tudo isso… Vamos atravessar?
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Cada e-mail da Travessias que chega na minha caixa de entrada faz meu coração vibrar. É sempre um presente que me relembra de seguir fazendo a nossa parte por um mundo melhor, apesar de todas as circunstâncias externas serem assustadoras. Me relembra que não estamos sozinhos e que juntos podemos! Vida longa e próspera à Travessias!
Que especial essa edição! Quanta novidade boa!