Um novo ano se inicia e, tradicionalmente, nos conectamos com nossos sonhos e projetos para o futuro.
Em nossa cultura, o sonho, muitas vezes, está relacionado a ambições, a ter coisas: Riqueza, sucesso, conforto, beleza, saúde, alegria, amor, segurança…
Esse tipo de sonho, quando não escorrega para a categoria de ’sonho de consumo e ostentação’, e vem de um lugar genuíno de desejo conectado a propósito, é muito importante, nos coloca em movimento e nos dá energia de manifestação e realização.
John Croft, organizador do Dragon Dreaming e estudioso da sabedoria dos aborígenes, diz que “nossos sonhos, são os sonhos da Terra”. Que a Terra sonha através de nós. Gosto muito da janela que essa afirmação abre. Me conecta com a Teoria de Gaia e a consciência de sermos seres capazes de manifestar coisas grandiosas.
Paralelamente aos sonhos "acordados”, conscientes e intencionados, chamamos de sonho aquilo que experimentamos enquanto dormimos, aos quais atribuímos diferentes significados. Apesar de Freud e Jung, entre outros grandes nomes, nossa sociedade patriarcal/racionalista ainda insiste em negar a importância dos sonhos que temos quando dormimos, reduzindo-os a enredos confusos e sem valor. Mesmo assim, nas culturas tradicionais, do oriente ao ocidente, do sul ao norte, os sonhos sempre foram reconhecidos como poderosos, importantes, reveladores e sagrados.
Hoje, em nossa diversidade, convivemos com pessoas que acreditam nunca sonhar, com outras para quem os sonhos são apenas mais uma das coisas estranhas e impenetráveis que nossa mente faz, e outras para quem os sonhos são oráculos e importantes fontes de informação.
Os teóricos e estudiosos dos sonhos, ao longo da história, chegaram a diferentes conclusões sobre os significados e sentido dos sonhos, seja como um espaço onde o inconsciente se manifesta; seja como um ‘território’ que, por mais que tenhamos muitas respostas e informações, continua repleto de interrogações e mistérios.
A ciência tem estudado, cada vez mais, sobre o sono e o sonho de humanos e não humanos. O neurocientista Sidarta Ribeiro é um que tem compartilhado suas pesquisas e aprendizados e, dentre muitas coisas, fala sobre o sonho como sendo uma forma de experimentar e ensaiar possibilidades de caminhos, que, quando damos atenção, nos trazem sentimentos e aprendizados, além de uma oportunidade para acessar informações ‘ocultas’.
Sonhar, brincar, ser livre para imaginar…
Ao ouvir Sidarta Ribeiro, conectei essa qualidade do sonhar ao campo do livre brincar na infância, pois ambas as habilidades, sonhar e brincar, são ferramentas para o nosso amadurecimento, ativando memórias e informações conscientes e inconscientes, que apoiam nosso desenvolvimento enquanto indivíduos em sociedade e nos preparam para estar no mundo.
Nesses espaços temos a oportunidade de entrar em contato com nossos desejos e fantasias, explorar nossa criatividade e imaginação, elementos fundamentais para que sejamos capazes de responder aos nossos desafios e problemas.
Para além do valor ou função que atribuímos aos sonhos do sono, eles estão, junto com o brincar, entre as coisas que - por serem subvalorizadas - estão cada vez mais raras em nossa sociedade.
Salvar o silêncio
Para sonhar é preciso dormir: dormir um sono de qualidade, em local e horário apropriado, de preferência no silêncio e no escuro – coisas também cada vez mais raras. Hoje em dia, a maioria das pessoas que estão com alguma queixa de saúde, na realidade estão exaustas dormindo insuficientemente.
São muitas as consequências individuais da falta de sono que transbordam para o coletivo, pois pessoas exaustas se distraem com facilidade, mesmo quando executam atividades perigosas. Pessoas fatigadas ficam tristes e deprimidas, são facilmente irritáveis e violentas, têm maior propensão a esquecer das coisas e maior dificuldade de entender e aprender. É realmente preocupante o fato de estarmos vivendo uma epidemia de insônia e de sono de baixa qualidade, junto à explosão de diversas doenças metabólicas, além de depressão e violência. Será que se relacionam? Quais as consequências para as pessoas e sociedades a longo prazo?
O sono é o espaço da pausa, e nossa cultura acelerada, da produtividade, desvaloriza a pausa e o silêncio. O planeta inteiro, e toda a teia da vida, sofre as consequências da imposição do ritmo e barulhos incessantes.
E o silêncio externo não recebe a atenção que merece, porém é muito mais importante do que costumamos nos dar conta. A preservação do silêncio está intimamente relacionada à preservação da vida - Convido você a conhecer a Quiet Parks International (@quietparksinternational) uma organização que trabalha para promover a consciência de que:
“salvar o silêncio é salvar tudo mais.”
Além de desenvolverem projetos para criação e manutenção de espaços naturais livres da poluição sonora provocada por humanos.Poder respeitar o próprio ritmo circadiano, fazer higiene do sono, ou mesmo saber o que esses dois conceitos significam são hoje privilégios de poucos.
Acredito que nas sociedades que consideram o sonhar ‘sagrado’, as pessoas, naturalmente, zelam por seu sono e pelo sono dos outros. Já imaginou uma sociedade que zele pelo silêncio e sono de qualidade?
Meu sonho, que acredito ser um sonho da Terra, é que todos os seres, humanos e não humanos, possam ter condições de dormir em paz, que consigam promover o equilíbrio entre o movimento e o repouso, trazendo saúde para nosso sistema individual e global. E que, nesse estado de bem estar, cada pessoa possa se conectar com seus sonhos profundos e manifestar no mundo a vida que deseja, em equilíbrio e com respeito, com as outras formas de vida.
Feliz novo ciclo!
💠Ciclo Gaia VivA 2024
O programa Gaia Education: ciclo Gaia vivA está com inscrições abertas!
Vai acontecer em formato híbrido e urbano, Certificado pelo Gaia Education, forma Designers em Sustentabilidade e Regeneração: Pessoas capazes de desenvolver projetos e agir no mundo, em suas diferentes áreas profissionais, como agentes de transformação, rumo a uma cultura que regenere e sustente a vida
O programa é organizado em uma mandala holística, baseada em 4 dimensões do desenvolvimento humano – Social, Econômica, Ecológica e Visão de Mundo – se desdobra em mais de 20 temas chaves transdisciplinares que orientam os participantes a projetarem culturas regenerativas e, ao mesmo tempo, aprofundar sua compreensão das mudanças necessárias para uma transformação sistêmica.
Para saber mais: www.ciclogaiaviva.org | Inscrições aqui. [A comunidade Bambual tem desconto de 20% com o "cupom" Rede Bambual].
💠Encontro com Marina Dain e Isabel Valle
Vamos conversar sobre as percepções caóticas que estamos tendo do mundo e quais escolhas podemos fazer, honrando nossas necessidades e possibilidades de ação. Será apresentada a proposta do Ciclo Gaia Viva, com espaço para escuta atenta e vivência.
Tema: Faça sua transição de vida em meio ao caos que vivemos
Dia: 07/02 – quarta-feira
Horário: 20h às 21h30
O encontro será gratuito, fechado, na plataforma Zoom. Para se inscrever, clique aqui.
Informações ou tirar dúvidas: (21) 97535 0094 - (Whatsapp Isabel)
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