Entre o subjetivo e o propósito: o sonho como uma ferramenta para lidar com a vida
#TeIndicoUmLivro: O Poder dos Sonhos, Kaká Wera.
A palavra "sonho" é um tema comum em nosso cotidiano, e cresci acreditando que sonhar era praticamente sinônimo de premonição. A orientação sempre era buscar o significado dos sonhos em revistas que continham um tipo de glossário explicativo. Quem lembra disso?
Devido à restrição no acesso a computadores e à internet discada, que era a opção popular na época, levou um tempo para podermos explorar de maneira mais abrangente os significados dos sonhos. Atualmente, nossa compreensão sobre o tema é mais sofisticada e também está se popularizando com respaldo científico.
Agora, vejamos bem: essa tecnologia "analógica" que adotávamos para decifrar os sonhos já refletia uma abordagem que levava em consideração o inconsciente coletivo. Em outras palavras, essa sistematização de informações indicava claramente a relevância dos sonhos tanto para o bem-estar individual quanto para o coletivo, demonstrando inclusive nossa interconectividade.
Esse é um dos tópicos abordados em O Poder dos Sonhos, um dos 12 livros, escrito por Kaka Werá, educador, terapeuta, empreendedor social e conferencista indígena brasileiro do povo tapuia, acolhido pelo povo guarani que se dedica à difusão e valorização dos saberes tradicionais dos povos originários.
Em O Poder dos Sonhos, a experiência do sonho é considerada uma necessidade.
“O sonho é uma necessidade de nutrição da alma, que é vivificada pelas energias da terra no plano físico, da água no plano emocional, do fogo no plano espiritual, do ar no plano mental”.
O autor aborda a importância dos sonhos como uma ferramenta de purificação e comunicação entre diferentes partes de nós, tendo como propósito principal integrar as partes exteriores e interiores de nós mesmos, conforme a tradição Tupi.
Existe a compreensão de que os planos de vida ocorrem em vários níveis e dimensões do ser e portanto, a linguagem dos sonhos é utilizada para conectar memórias nos corpos e curá-las. A purificação dessas memórias envolve os Nhandejaras que para a sabedoria ancestral são carinhosamente chamados de Espírito da terra, da água, do fogo e do ar, nossos avós e pais de alma.
Embora o conteúdo do livro seja, majoritariamente, focado no sonho como uma ferramenta de regulação da nossa existência, há também o entendimento do sonho enquanto propósito, lugar de intenção e de habilidade de escolha. Lugar este que tem se tornado bastante questionável em nossa sociedade, porque devido às pressões que existem, àquilo que deveria ser um movimento de pulsão de vida, passa a ser um peso, uma obrigação, uma cobrança incessante que pode nos adoecer. Kaká Werá nos alerta:
“Escolher significa possibilidade de decidir em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa impositiva determinante. Seguramente, a humanidade tal como está, não é a que desejamos, mas embora não tenha sido desejada conscientemente por nós, é resultado das escolhas de uma coletividade. Fazer a escolha certa por vezes é descolar de determinados padrões coletivos aos quais também estamos inseridos”.
O autor nos questiona:
Como o sonho poderia nos ajudar nessa história, de promover a tomada das rédeas e estabelecer o equilíbrio entre as partes, nos tornando mais conscientes de nós mesmos?
Para responder isso, te convido a ler O Poder dos Sonhos que, além de abordar os aspectos que comentei anteriormente, fornece práticas específicas para explorar e manifestar propósitos através dos sonhos, incluindo a importância de vibrar as intenções durante a oração e reconhecer o poder do som na cocriação. Aborda também a necessidade de mudança nos estados mental, emocional, atitudes e hábitos para influenciar o campo da manifestação.
Boa leitura!
Já leu este livro? Me conta suas impressões nos comentários.
💠As faces de Maria Firmina dos Reis: Diálogos Contemporâneos
O projeto em comum, sonhado e expresso por Maria Firmina dos Reis no livro “Úrsula”, com reverberações em Lélia Gonzalez, Djamila Ribeiro e Marielle Franco, é uma ferramenta para a desalienação coletiva na luta por direitos. Ele leva em conta o caráter comprometido com a coletividade de suas existências, seus processos de resistência e a escrita como uma necessidade de sobrevivência na experiência do pós-Atlântico negro – numa relação ancestralidade e gerações atuais.
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ótimo