Reflexões sobre as inteligências artificiais
Passado, presente, futuro. #travessia9
O tema que navegaremos pelo próximo bimestre dá muito pano pra manga… Vamos falar sobre elas: as inteligências artificiais. Será que o nome inteligência está sendo bem aplicado? Quais são os impactos que estão causando? O que as previsões nos mostram? Será que elas nos ameaçam? Existe um uso bom?
O tema tem causado alvoroço e tem sido o centro de muitas discussões. O intuito aqui não é trazer verdades absolutas, muito menos criar uma narrativa do que é “vilão” e o que é "mocinho”, afinal precisamos urgentemente sair de narrativas binárias.
Então, respira… Pega uma água, bota o play na playlist dessa travessia e comece por aqui. Nas próximas semanas, como de costume, receberemos outros pontos de vista e recortes feitos por nossos colunistas e outros escritores convidados.
Afinal, o que são inteligências artificiais?
Para começo de conversa é sempre bom entendermos os nomes das coisas, certo? E, para responder a essa pergunta, recorremos ao chat GPT, uma ferramenta que se enquadra na categoria IA, e a resposta foi o seguinte:
Inteligência Artificial (IA) é a criação de sistemas de computador que podem executar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, como aprender, resolver problemas, reconhecer padrões e tomar decisões. Isso é alcançado através do uso de algoritmos e modelos matemáticos que permitem que as máquinas processem dados, aprendam com eles e realizem ações com base nesse aprendizado.
Depois dessa explicação vale trazer o ponto de vista do neurocientista e estudioso do assunto Miguel Nicolellis “a IA não é nem inteligente, nem artificial”, já que só funciona com os dados produzidos por inteligências humanas. Mas, isso não significa que elas sejam inofensivas…
É preciso atenção
De inofensivo essas ferramentas não tem nada, pelo contrário, existe um potencial de muito perigo se não existirem regulamentações e educação para o uso correto delas. Listamos aqui 4 tópicos que consideramos importantes refletirmos:
Saúde mental: Vivemos tempos frágeis. Depressão e ansiedade estão atingindo números alarmantes na população mundial. Gary Marcus, professor emérito da Universidade de Nova York (NYU), foi considerado um alarmista quando em 2022, fez algumas previsões pessimistas em relação ao uso dessas ferramentas. Uma delas era que testemunharíamos a primeira morte causada por um chatbot em 2023. Gary, infelizmente, estava certo. Em março desse ano, um homem que conversava frequentemente com o chatbot Eliza cometeu suicídio. Segundo sua esposa as trocas de mensagem passavam por assuntos como “faça esse sacrifício em nome da causa contra o aquecimento global e junte-se a mim no paraíso”.
Produtivismo: algumas ferramentas de IA estão sendo criadas para desenvolverem textos e imagens em um tempo sobre-humano. Em uma sociedade que leva o ditado “tempo é dinheiro” como verdadeiro, não precisamos nem dizer o quanto essas ferramentas podem ser perigosas, certo? É imprudente começarmos a comparar a capacidade de produção (intelectual ou manual) de humanos a capacidade de robôs. Isso sem falar sobre a crise de empregos que pode causar.
Padronizações: Será que esses bancos de dados abrangem diferentes culturas, DNAs, e até mesmo diversas cosmovisões? Até que ponto ela abrange e representa a diversidade que existe no planeta, as várias formas de pensar o mundo e os modos de viver?
Fake-news: produção de mentiras existem desde que o mundo é mundo, mas algumas ferramentas de inteligências artificiais podem ser utilizadas para criar notícias com imagens e textos falsos e, com a ajuda de outras ferramentas tecnológicas, podem se espalhar globalmente com apenas um clique.
Ou seja, se não quisermos adentrar um mundo de pós-verdade onde todos agem e pensam como robôs precisaremos aprender e exercitar o pensamento crítico.
Como pensar futuros diferentes?
Nosso lema na travessias é fazer uma transição para novas formas de viver e estar no planeta. Mas, como poderemos pensar em criar novas formas de estarmos nesse mundo se ficarmos apelando para uma tecnologia que não cria nada novo?
Alguns aplicativos que vemos por aí podem até “criar realidades”, construir imagens de como as cidades ficariam se a floresta tomasse conta, mostrar como você ficaria grávida ou até mesmo a carinha do seu futuro filho, mas essas ferramentas não tem o potencial de inovar. Não criam nada novo, é tudo repetição…
Como podemos exercitar uma imaginação radicalmente diferente se ficarmos presos a ferramentas que só produzem o que já existe?
Não podemos, jamais, esquecer que essas ferramentas podem até fazer um compilado de informações, mas a capacidade crítica, de inovar e radicalizar é coisa da inteligência humana ou, quiçá, da inteligência dos seres sencientes.
Será que não temos mais a aprender com as plantas do que com os algoritmos?
São só sombras?
Como já diriam nossas avós, “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Neste caso, não diríamos que é exatamente a dose, mas sim a motivação por trás. O uso com sabedoria ou não.
A gente avisou lá no inicio que não seria o caso de olhar apenas um lado da história. Não podemos negar as coisas boas que o avanço da tecnologia e as inteligências artificiais podem proporcionar no campo da saúde, da educação, da ecologia e até da comunicação. Se não fosse a tecnologia digital, não estaríamos aqui com esse texto sendo lido por mais de 9 mil pessoas.
Mas é preciso lembrar que são apenas ferramentas. Que não devem substituir seres humanos, nem devemos tentar nos igualar a robôs.
Os dois estudiosos citados nesse texto apontam sobre a necessidade de existir regulamentações governamentais rigorosas para evitar problemas. Além disso, reiteramos aqui a necessidade de exercitarmos pensamento crítico e ensinarmos sobre isso para as gerações que estão chegando.
Que a gente possa estar apto a habitar um mundo onde as diversas inteligências possam coexistir, mas que não esqueçamos - jamais - de olhar para o essencial da vida.
Como falamos lá no começo… o assunto reeeeende! Então deixe nos comentários o que você pensa e conhece sobre o assunto e aguarde os próximos textos. Os colunistas se empolgaram!
💠 Inteligência Artificial: os acertos do professor que foi chamado de 'louco e alarmista':
Entrevista com o professor Gary Marcus, citado no inicio do texto.
Quer apoiar nosso trabalho e fazer parte de uma comunidade de trocas mais profundas para falarmos sobre nossas contradições, dores, sonhos e alegrias?
Faça parte da Comunidade Travessias. Uma comunidade de autoaperfeiçoamento para irmos além do próprio umbigo. Nela, além de receber os conteúdos abertos como esse e-mail, você também terá acesso a conteúdos, experiências e descontos exclusivos. Veja alguns bônus:
1 texto exclusivo por bimestre, escrito por uma pessoa convidada especial. Será o nosso Para Ler na Rede;
2 Mergulhos por bimestre - sugestões de práticas para aprofundamento dos temas da Travessia e fóruns de diálogos sobre o que cada pessoa vivenciou;
1 Encontro online com os membros da comunidade, a cada bimestre, para aprofundarmos nossas conexões e celebrarmos (na plataforma Zoom);
Acesso gratuito por 2 meses a 1 curso/vivência gravado por um dos colunistas;
Desconto de 35% em todo catálogo da Bambual Editora;
Desconto exclusivo em produtos e serviços com uma nova parceria comercial a cada bimestre.
Mude sua assinatura para a versão paga e faça parte da comunidade automaticamente:
Assinatura mensal: R$29,90
Assinatura anual: R$ 287,00