📚te indico um livro #1: Sete Dias no Butão
O que um país que é negativo em carbono pode nos ensinar sobre felicidade?
O te indico um livro desse mês vem falar do Sete Dias no Butão: O que aprendi sobre felicidade, escrito pela Santosha Natália Garcia e publicado pela Bambual Editora.
Se você ainda não leu a primeira parte sobre os motivos que me levaram a escolher este livro clique aqui para ver.
Hoje trago algumas perguntas que fiz para a autora, mas antes disso quero compartilhar a fala do primeiro-ministro do Butão, Tshering Tobgay, durante um TED Talk de 2016. Com ele, podemos conhecer um pouco mais desse país que Santosha visitou:
Jogo rápido com a autora e grifados no livro:
Possíveis perguntas que você também faria para a escritora depois de ler a obra e um apanhado de trechos grifados durante a leitura.😉
Na prática, como os aprendizados que teve durante a sua jornada pelo Butão foram integrados na sua vida?
Santosha: Olha, acho que a primeira coisa foi ver como as relações estavam em primeiro lugar para eles. Amizades, parcerias profissionais, familiares, isso era pelo que eles prezavam, mais do que tudo. Porque eles entendem que a prosperidade verdadeira vem desse ecossistema de relações saudável. É o contrário da mentalidade em que eu fui criada, de "garantir o meu". O FIB é um resultado dessa cultura que preza sobretudo pela conexão, consigo, com o outro, com a natureza. E eu sinto que essa conexão ficou plantada em mim para sempre. A segunda coisa é o quanto eles fazem o que falam. Ou melhor: eles fazem muita coisa e até falam sobre isso, mas não tentando convencer ninguém de nada, apenas compartilhando o que aprendem com quem se interesse. Sabe? Em vez de falar sobre como o PIB é ineficiente para gerar bem-estar, eles vão lá e criam o FIB. Em vez de ser mais uma voz protestando contra os principais causadores do aquecimento global, eles vão lá e instituem um plano de preservação eterna das suas florestas. Isso pra mim é muito inspirador e deu um novo tom no meu trabalho: não me vejo mais atuando no "convencimento" e sim na implementação do que é possível com quem quer fazer acontecer.
Grifei no livro: o ponto é que uma política pública de felicidade não lida com os dramas e sonhos individuais das pessoas. “Isso não nos levaria muito longe”, diz Karma Ura. Segundo ele, na perspectiva política, a felicidade é um florescimento de um ecossistema social que seja favorável a ela. (…) A mesma lógica de preservar a floresta é usada no cultivo de boas relações para que a felicidade (ou a biodiversidade) possa emergir.
Acho que uma das maiores fontes de infelicidade de uma pessoa está atrelada a como ela enxerga a própria vida e conquistas. O que, muitas vezes, está atrelado ao que nos dizem que é sucesso e felicidade… Quais métricas o Butão utiliza no FIB e que podem ser aplicadas na vida individual de cada pessoa?
S: Pois é, o FIB ressignificou muito os critérios que eu usava pra medir se estava "mandando bem na vida". Antes, a minha régua pessoal era mais "PIB", tipo quanto dinheiro estou fazendo, quantos cursos já fiz, quanto tempo num emprego, quantos anos de projeto, quantos clientes, etc. Daí, quando vi que no FIB tão importante quanto o crescimento econômico era a vitalidade comunitária (conhecer e contar com meus vizinhos e cultivar mesmo minhas relações com amigos e familiares) e a qualidade do uso do tempo (dividir entre estudar, trabalhar, meditar, curtir, comer, ir para natureza, etc), foi um grande chacoalho. Não vou dizer que virei a chave de uma hora pra outra. Ainda hoje eu me pego, de vez em quando, correndo, atrasada, buscando quantidade, mas cada vez mais me lembro de respirar, dar um tempo, cuidar das outras áreas da vida, aprender com os desafios que se apresentam, para poder realmente evoluir, não apenas "crescer", sabe?
Grifei no livro: Há muitas pessoas que são ricas e vivem em um país com um ótimo PIB, mas não conseguem ter um sono saudável por, pelo menos, 6 horas toda noite”, argumentou Karma Ura.
[Nota pessoal: Não precisamos ir tão longe para conhecer um povo que valoriza e realiza um sono de qualidade, viu? Isso me fez lembrar de uma fala do Ailton Krenak, durante o lançamento do livro Abya Yala, em que ele reflete: “que bom seria um mundo onde o maior desejo da sociedade fosse dormir bem e sem barulho!" É isso que os povos originários desejam.]
Neste mês, o tema central que atravessamos foi o sagrado que está em tudo. Eu tenho pensado (e recebi muitas mensagens) sobre a importância da ritualização da vida, o quanto os ritos nos ajudam a enxergar essa sacralidade de cada momento. O Butão inspirou algum ritual específico na sua vida?
S: Os altares do Butão são, assim, maravilhosos. Coloridos, com detalhes entalhados a mão, cheios de ouro, estátuas maravilhosas, uma energia muito alta. Então, uma coisa que eu sinto que trouxe de lá foi fazer um cantinho sagrado na minha casa também. Com cristais, as imagens espirituais que me inspiram e me guiam, onde sempre coloco fogo, flores, incenso. Gosto muito de dar uma passadinha no meu altar todo dia, me ajuda muito a me conectar. Eu também tenho uma prática diária de meditação, que já tinha antes de ir pra lá, mas que depois do Butão ganhou uma coisa a mais: que foi intencionar para que todos os seres sencientes (basicamente, tudo o que está vivo no planeta) estejam livres do sofrimento. Lá eles falavam muito da importância de fazer aspirações que estejam além do "Eu", isso também me marcou muito.
Se você ficou com um gostinho de "quero saber mais sobre a autora e suas experiências", deixe seu e-mail abaixo que, em breve, ela vai aparecer por aqui com aprofundamentos! ;)
Ainda não leu o livro? Clique aqui para ler uma degustação. ;)
O que reverberou da travessia #1:
→ Ao ler a travessia #1: Sagrado É Tudo, a Marise Berg, nutricionista ayurvédica e querida parceira de reflexões profundas, lembrou de um texto que escreveu em 2011! Em que ela traz um texto de Eugênio Mussak, publicado pela Vida Simples. Sabe aqueles textos que nunca perdem a contemporaneidade? Então… vem ler aqui.
"Lugar sagrado é o próprio corpo, que merece cuidado; é a mente, que precisa do conhecimento; é a emoção, que precisa do belo. Lugar sagrado é o espaço ao nosso redor, que conquistamos com nossa própria energia, e que será tão maior quanto for nossa intensidade de viver”
→ Ritualizar é uma forma de reconhecer o sagrado que se expressa na vida: Marise Berg e Madu Cabral proporcionaram um bate-papo lindo sobre como ritualizar o momento da refeição. Para assistir é só clicar abaixo:
Me conta nos comentários sobre quais rituais (dos simples aos elaborados) tem ajudado você a reconhecer o sagrado que se expressa a cada pulsão de vida?
→ É primaveraaaa… Uma história e um convite especial de Jennifer Perroni, autora do Oráculo da Mulher Selvagem, para ritualizarmos a chegada dessa nova estação:
Não deixe de comentar sobre como tudo isso tem reverberado por aí, tá? Queremos trocas! Muiiitas trocas, lembranças de textos, emoções e sensações. Escreva nos comentários, responda o e-mail, manda um áudio.. como preferir! ;)
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