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De onde eu tiraria a energia que antes parecia tão escassa?
🌄 Das Montanhas

De onde eu tiraria a energia que antes parecia tão escassa?

🌄 Das Montanha | EP#2: Mais do que impor um plano é preciso aprender com o lugar

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Guilherme De Lazzari
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Terra Lua Terra Sol
mar 17, 2025
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De onde eu tiraria a energia que antes parecia tão escassa?
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Passei a vida exercitando a observação.

Em parte, porque esse é o meu jeito, em parte, porque sempre tive dificuldade de me relacionar com as pessoas, com o mundo, com a natureza.

Mesmo quando estava longe dos olhares alheios, onde me sentia mais seguro, faltava-me a energia necessária para agir.

A vinda para o sítio foi precedida por milhares de observações. Fiz cursos, estudei formas de regenerar, investiguei possibilidades de transformar o meu entorno: pequenas mudanças que beneficiariam uma parcela modesta de seres e da natureza, mas que, no meu alcance, já seriam significativas.

Essas ideias, contudo, pareciam reféns da prática.

Eu acreditava que ainda não era o momento certo, que me faltava capacidade ou que estava preso a algo que me acompanhava desde a infância: a tendência de observar até o ponto de ser transformado pelo ato de observar.

Enfim, o sítio! E agora?

Como colocar em prática tudo o que aprendi e investiguei com tanta curiosidade sobre a natureza? De onde eu tiraria a energia que antes parecia tão escassa?

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A resposta: do tempo. E, curiosamente, da observação. Quem diria?

Ao me permitir olhar sem pressa, percebi o quanto minha visão ainda carregava filtros herdados, maneiras condicionadas de enxergar a terra, as plantas, os ciclos. Decolonizar o olhar, para mim, tem sido abandonar a ideia de controle e redescobrir a natureza não como um recurso a ser domado, mas como uma mestra, cheia de ensinamentos.

Mais do que impor um plano, eu precisava aprender com o lugar. Cada planta, cada fluxo de água, cada movimento dos pássaros tinha algo a ensinar. Observar a natureza de perto — a fauna, a flora — despertou em mim algo profundo, uma sensação que raramente experimentei.

Descobri que a energia estava ali, pulsando no ritmo do mundo natural: No tempo que os pássaros levam para construir seus ninhos. Nas migrações de tantos outros, em busca de abrigo. Nos tucanos que só aparecem quando as cerejas do mato florescem.

No veado-campeiro que, talvez em busca da mãe, atravessa o campo com os olhos atentos às planícies. Nas infinitas minhocas que percorrem o solo, encontrando novos caminhos. Nas folhas que caem lentamente ao vento, se decompõem e nutrem a terra. No brotar das folhas, no surgimento dos botões de flores que nascem quando o momento certo chega.

Tudo isso — e muito mais — despertou em mim algo que nunca imaginei: a vontade, e mais que isso, a energia necessária para agir, para contribuir com esse sistema do qual, queira ou não, já faço parte. Estejamos na cidade, no campo, na montanha ou no mar, somos todos natureza. Somos parte. Mas esquecemos. Nos afastamos da nossa essência.

Hoje, me canso a cada dez minutos, de tanto que faço. Tudo demanda tempo, força e energia — energia que agora parece inesgotável. Antes, me faltava; hoje, transborda.

Descobri que o tempo é carregado de energia. Os movimentos da natureza acontecem cheios de potência, porque há tempo: tempo de se nutrir, de se renovar, de compartilhar.

E assim sigo no Sítio Terra Lua Terra Sol. A cada dia, compreendo melhor o tempo e aprendo a dosar essa energia que, agora, me sobra.

Terra Lua Terra Sol me deu isso: a chance de deixar de ser um mero observador para me tornar um agente vivo, presente, parte integrante.

Essa é uma coluna com acesso livre. Pode compartilhar para mais pessoas lerem :)

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Guilherme De Lazzari
Residente no Sul de Minas, em plena Mata Atlântica, dedica-se ao cultivo agroflorestal e à promoção de um estilo de vida sustentável.
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