Na faculdade de Direito aprendi muito sobre falar, argumentar e sustentar posições. Foi só no curso de Mediação de Conflitos que ouvi pela primeira vez sobre escuta ativa.
Hoje defendo a ideia de escutar com o corpo inteiro, com abertura à diversidade e entendo que muito podemos aprender com as pessoas com deficiência.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência é a denominação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei Nacional nº 13.146, de 6 de julho de 2015 e descreve no art. 2º que:
“Art. 2º: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”
Quando leio essa definição, identifico o reconhecimento sobre as barreiras existentes e traço um paralelo com a comunicação, no desejo de desenvolver formas criativas de rompê-las, para cocriação de realidades mais inclusivas, plurais e amorosas.
Sim, amor na perspectiva de bell hooks que é ação, verbo que inclui carinho, reconhecimento, respeito, compromisso, confiança, honestidade e comunicação aberta.
Comunicação aberta abrange o ato de escutar de forma aberta, sem barreiras. Abertura para o mundo que é o outro ser. É a percepção sensorial contribuindo para a comunicação acontecer de diferentes formas.
Cada parte do corpo recebe e envia mensagens e cabe a nós desenvolvermos a capacidade de compreender as sutilezas e maravilhas para uma interação de qualidade.
Com curiosidade e disponibilidade para aprender. Abertura aos possíveis conflitos e tensões. Para o não saber. Acolher os diferentes mundos.
Aprendi no livro Conversas Difíceis de, Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen, a técnica da Postura E. É uma forma útil de lidar com as divergências, para superação da concepção de ou uma ou outra pessoa está certa, para a compreensão de que há distintas perspectivas concomitantes e podemos construir um caminho englobando ambas. Tecer o futuro desejável.
Confluências, como já dizia Nego Bispo.
A escuta é a generosidade da presença.
Presenciar a vida. Valorizar a beleza de cada ser. Reconhecer-se na outra pessoa. Elos sensíveis de conexão.
Diante de um conflito, é usual bloquear a escuta. Assim como haver confusão entre a pessoa e o problema, com se o problema fosse a própria pessoa.
No livro Como Chegar ao Sim, um dos princípios da Negociação de Harvard é separar a pessoa do problema. Proposta que vai em direção ao reconhecimento da humanidade do outro, para que o foco esteja no que aconteceu, nos fatos e não nos julgamentos sobre as pessoas.
Há situações nas quais para desfazer barreiras é fundamental buscar apoio, quando as questões se tornam tão grandes que parecem montanhas.
A escuta ajuda a redimensionar o cenário, abre espaço para expressão, para sentir tudo e é o primeiro passo da jornada em direção ao topo para ampliar a perspectiva.
Do alto, há distanciamento, novo ares, pausa, possibilidade de escutar o vento. E tempo. Tempo para sedimentar, separar o que é mais pesado de lidar do que é mais leve. Após a decida, é momento de ação, é quando colocamos o corpo em movimento para expressão do direito de existir.
Lidar com conflitos é um processo composto de pausa e ação.
Ouvi de uma liderança indígena Guarani Kaiowá que para o seu povo e língua não há a palavra perdão. O que eu compreendi é que existe a ação para cuidar do que foi impactado, violado, sentido, danificado...
Entendi que essa ação está mais próxima da ideia ocidental de reparação.
Grada Kilomba em seu livro Memórias da Plantação aborda sobre a urgência de romper os ciclos de violência e colonização ainda presentes, tendo como começo o reconhecimento das feridas coloniais para que haja reparação.
Escutar as feridas como forma de reconhecê-las.
Sentir.
Curar.
Para formas mais saudáveis de relacionamentos existirem.
⛵ Sobre a Travessias
A Travessias começou como newsletter da Bambual Editora, mas agora é Revista e Comunidade digital feira por (e para) quem está em transição, buscando evoluir para além do próprio umbigo.
Travessias celebra o tempo da calma, das trocas reais e que não dependem de um algoritmo. Por isso, estamos fora das redes de compartilhamento rápido e toda semana chegamos na caixa de entrada de e-mails dos assinantes, para que cada um possa ler e se envolver com o conteúdo no seu tempo.
Os saberes aqui compartilhados são transdisciplinares e indisciplinares. Mente, Corpo e Alma. Tudo se entrelaça, se mistura, se dissolve. Assim como na vida: humanos e mais que humanos entrelaçados e compartilhando a faísca que nos mantêm vivos.
É só uma questão de nos relembrarmos de tudo isso… Vamos atravessar?
⛵ Por que se inscrever e fazer parte?
Ao fazer parte, além dos conteúdos abertos, você também terá acesso a conteúdos exclusivos, experiências e descontos. Veja alguns bônus:
35% de desconto no catálogo do site da Bambual Editora;
Revista Travessias impressa (edição 1);
Encontros online com a comunidade;
Espaço para publicar seu relato de transição;
Outras surpresas para apoiar sua transição.
Mude sua assinatura para a versão paga e faça parte da comunidade automaticamente:
⛵ Tripulantes
Quem faz a travessias acontecer semanalmente:
⛵ Quem já atravessou com a gente
Navegantes que já conduziram travessias com a gente:
⛵ Comunidade
Celebramos todos os assinantes que fazem ou já fizeram parte da Comunidade Travessias.
Arthur Jorge, Ricardo Pessoa, Plínia Ribeiro, Priscilla Almeida, Roberto Strumpf, Lu Mendes, Adriana Pereira de Paiva, Marise Berg, Sylvia Jarditti, Gitta Castell, Claudia Regina, Db.Pe,
Bárbara Rocha
, Daniela Lutfalla, Carlos Yujiro Shigue, Maurício Tartar, Irina Daudt, Isabel kscapini, Maria Paiva.
Excelente