Ciclos de aprendizagem significativa, transformativa e evolutiva.
Travessia 10: Ciclos
Nada na vida tem sabor tão doce e amargo quanto a aprendizagem.
Provavelmente a única constante da condição humana é de que estamos sempre aprendendo. Se soubermos aproveitar cada momento, é mais provável que estejamos de uma forma ou de outra em plena evolução, seja “acertando” ou “errando” - e ainda se escapa dessa perigosa dicotomia.
De fato, não há nada mais mágico na vida do que aprender: descobrir algo novo, sentir o gosto de uma descoberta, sentir que algo evoluiu, melhorou, se renovou, mudou ou, simplesmente, provocou qualquer tipo de reflexão. Existe um limiar que cruza um lugar de conforto, no qual sentamos com a leveza de reconhecer onde estamos e uma sensação segura de domínio e controle, para uma zona de desconforto - que flerta com um certo pânico do desconhecido e das incertezas. Só que cruzar essa linha nos revela uma zona mágica e intrigante que podemos buscar visitar sempre. Essa zona mágica é onde nos permitimos sair e voltar da zona de conforto e nos aceitarmos na zona de pânico: a zona da aprendizagem.
Aprendizagem tem as mais diferentes formas possíveis e já estão amplamente discutidas. Mas, uma certeza é que a partir dela estamos sempre caminhando, seja numa curva de crescimento, em espiral ou em patamares de evolução. No entanto, o que eu trago aqui é uma reflexão para uma forma de aprendizado mais profunda que desafia a ideia linear de aprender a partir da nossa bagagem de conhecimento já sabida para gerar um resultado “X” - que muitas vezes pouco contribui para o nosso desenvolvimento pessoal ou coletivo.
Cada vez mais é visível o quanto professores e estudantes, mestres e discípulos, organizações, lideranças, coletivos procuram formas mais significativas de ensinar e aprender. Na “aprendizagem significativa”, devemos carregar a cada etapa de aprendizado traços do aprendizado anterior, de experiências já vividas e conhecimentos prévios, reforçando o processo de aprendizagem a cada etapa e facilitando o próximo aprendizado pelo simples fato de ter já ter relação com aquilo que nos faz sentido. Isso provoca um espiral de conhecimento positivo surpreendente.
Dentre esses diferentes processos tenho cada vez mergulhado mais na Aprendizagem Transformativa.
A Aprendizagem Transformativa busca provocar mudanças profundas e alongar as premissas básicas e os padrões individuais de pensar, sentir e agir para além de absorver informação. E a partir disso, permitir transformações em como ser no mundo.
Surgem como forma de refletir e, então, transformar os enquadramentos e as estruturas mentais do aprendizado (os padrões, os hábitos, os significados, as crenças e os condicionamentos) no sentido de torná-los mais inclusivos, abertos, reflexivos e emocionalmente abertos à mudança.
Os ciclos de aprendizagem (como exemplificado na figura abaixo) podem acontecer de diferentes formas, seguindo variados caminhos. Mas, conforme se aprofunda o questionamento para além da superficialidade de se atingir resultados de pura performance, mudanças significativas de transformação emergem. Em outras palavras, as capacidades de transcender a compreensão de dada realidade, dado fenômeno, para encontrar algo inesperado e romper com certos padrões pré-estabelecidos. Precisamos nos questionar, refletir e nos permitir para que algo novo surja.
Alguns ciclos mais curtos de aprendizado são os mais comuns dentro de uma organização, partindo da resolução de problemas para melhorar o sistema a cada ocorrência - respondendo o que conseguimos com o que sabemos fazer. Dos mais conhecidos métodos como PDCA - do planejamento à análise - também deixam escapar mudanças mais transformativas e eficazes. Já os ciclos mais longos (ou ciclo duplo e até triplo), mais do que resolver o problema, questionam as suposições básicas, valores e crenças por trás do que fazemos. Ou seja, significa apoiar uma reflexão crítica do que está à nossa volta, ampliar o aprendizado coletivo a partir de diálogos mais colaborativos e, então, observar em prática a transformação no mundo.
Dessa forma, as organizações (e até mesmo nossas ações) podem contribuir, não só com sua própria evolução e transformação, mas para serem transformadoras. Primeiramente é necessário cultivar uma atenção nas organizações para aquilo que realmente está acontecendo (dentro e fora), e não necessariamente buscar um resultado esperado a partir de uma receita - às vezes as mudanças estão ocorrendo ou precisam ocorrer onde menos se espera.
Existem já muitas organizações, além de instituições de ensino alternativas, que experienciam ciclos de aprendizagem que as transformaram. Um clássico exemplo de transformação é o caso da Mercur - indústria de produtos para saúde e educação principalmente à base de borracha - que a partir de uma motivação interna começou a questionar profundamente sua função no mundo, e hoje define seus valores a partir da crença de se construir um mundo de um jeito bom pra todo o mundo. A partir disso mudou seus direcionadores de negócio para o bem estar de todas as pessoas ao seu redor, tem o “reconhecimento do propósito” como área de foco do negócio, se reorganizou com aplicação de formas de diálogo colaborativo e governança mais descentralizada, além de inúmeras outras formas de constante aprendizado que transformam não só a organização mas também muitas das pessoas envolvidas.
Os ciclos permitem que possamos voltar a um (re)começo (mesmo que jamais sendo as mesmas pessoas novamente); que nem tudo é causa e efeito; que quase tudo é possível de mudar; que somos seres transitórios e em movimento; que cada volta ao ciclo nos amplia; que é muito bom nos surpreender; e que errar é permitido para aprender. Os ciclos de aprendizagem nos fazem transitar do conforto ao desconforto; da ação à reflexão e à prática; do replicar ao transcender.
A mudança na forma como aprendemos é provavelmente a chave mais importante para mudar.
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Excelente texto! Parabéns e obrigada por compartilhar conosco!
muito bom o texto