De que transição estamos falando quando afirmamos: “Bambual Editora: livros e projetos para a transição global”?
Bem… você já deve ter percebido que nós, enquanto sociedade, estamos atravessando múltiplas crises, certo? As crises ecológicas, relacionais, econômicas, sociais são crises estruturais, entrelaçadas e que nos afetam enquanto indivíduos também.
Não vou trazer dados alarmantes. Hoje em dia, temos informações suficientes para sabermos que, se algo não mudar na forma como estamos vivendo, não teremos previsões de um futuro bom pela frente.
São muitas as transições necessárias para se chegar ao mundo mais bonito que, lá no fundo, sabemos ser possível. Precisamos repensar a forma como estamos vivendo em todos os âmbitos das nossas vidas. Nossa forma de vivenciar e pensar o trabalho, como nos relacionamos com os outros, com os nossos corpos, com a saúde, com a alimentação, com os animais, vegetais, com o solo, com as nossas águas, com a política, com nós mesmos.
A própria linguagem está sendo amplamente debatida atualmente. E as histórias que nos foram contadas através de uma perspectiva eurocêntrica, colonial, branca, patriarcal e especista estão desmoronando e ganhando novas versões.
Mas como construir essas novas histórias e formas de viver? Onde, afinal, queremos chegar? O caminho é longo e não está pronto. Sair de um antigo padrão para um novo formato não é tarefa simples.
É sobre essas tantas transições profundas e sistêmicas que falamos.
Foi vivendo alguns desses questionamentos que muitos dos livros e projetos da Bambual Editora nasceram. Aquela angústia, aquele sentimento de que nada está certo ou que algo poderia ser melhor, serviu como impulso para novas pesquisas, estudos, protótipos e métodos para uma transição de novas formas de pensar e agir no mundo, de forma pessoal e coletiva.
Como Charles Eiseinstein defende, a mudança real não vem sem a crise:
"O parto não vem sem crise. Eu acho que isso está acontecendo com a humanidade agora. Nosso crescimento gerou múltiplas crises (...) e estas são as contrações que estão nos impulsionando em um novo mundo, quer nós gostamos ou não, mas acho que vamos gostar."
Charles Eisenstein, em O Mundo Mais Bonito Que Os Nossos Corações Sabem Ser Possível, (Ed. Palas Athena)
A crise provoca a transição e a transição pode vir repleta de crises também.
É tempo de aprendermos a apreciar o meio do caminho e usar a incerteza como leme
A verdade é que, ao iniciarmos uma transição, a gente nunca sabe onde vai dar. Mesmo que a gente tenha uma rota traçada e coloque as velas em direção a ilha que queremos ancorar, as nossas transições, frequentemente, são mais complexas que um barco a vela. E, no fundo, nós sabemos disso. (E olha que um barco a vela já lida com uma série de imprevistos, né?!🤷♀️)
Essa imprevisibilidade e incertezas podem nos paralisar.
Muitos questionamentos podem aparecer:
"Como eu vou largar meu emprego que me traz uma estrutura, se o que a minha alma me chama a fazer ainda é incerto?”
"Será que serei feliz naquele novo lugar?”
“Será que vale a pena lutar por uma mudança estrutural na sociedade, se não vou estar no planeta para ver essas mudanças acontecerem?”
“Vale a pena expressar meus sentimentos nesta relação?”
“Vale a pena plantar uma hortinha regenerativa em um lugar que estou de passagem e não terei tempo de colher os tomates orgânicos?”
Perceba que a maioria dessas perguntas carregam uma visão bem utilitária da vida. E esse entendimento do viver é um dos pontos que pode nos aprisionar, roubando uma possibilidade de uma vida verdadeiramente feliz.
Joanna Macy e Chris Johnstone, autores do livro Esperança Ativa, sugerem que a incerteza pode funcionar como mola propulsora para nossas ações mais genuínas. Aquelas que fazemos sem esperar nada em troca. Fazemos pelo simples fato de sentirmos que é a coisa certa a se fazer no momento.
Por isso, quando falamos em livros e projetos para a transição, estamos falando em saberes e reflexões que apoiem os seres humanos a descobrirem o que desejam ser genuinamente.
A verdade é que não temos resposta para essas dúvidas profundas e existenciais. Não temos certeza de onde iremos chegar, nem que as mudanças que queremos ver possam realmente acontecer. Nenhum livro ou aula nos garante alguma coisa. Pode ser que o vento bata com força e desvie sua rota para um novo lugar… Pode ser que não tenha nenhum lugar para chegar… Pode ser que você, realmente, não veja as mudanças que espera acontecerem e que não usufrua do tomate orgânico que plantou em uma casa que estava de passagem.
Mas, quer saber?
No fundo, no fundo, todos os caminhos que escolhemos com consciência nos levam até nós mesmos.
E acho que é aí que todos nós queremos, verdadeiramente, chegar! ;)
A Travessias também está em transição
A news travessias nasceu em setembro de 2022. O projeto idealizado por Bruna Próspero e Isabel Valle, brotou com o intuito de sensibilizar a transição para uma nova forma de ver, pensar e agir no mundo, através de saberes regenerativos.
De lá pra cá, foram seis travessias por temas diversos, muitos leituras sugeridas no #TeIndicoUmLivro e até um podcast surgiu, o #Li,Grifei,Compartilhei.
Desde o início vislumbrávamos uma rota traçada por muitas pessoas. Não sabíamos quando exatamente seria o momento, mas a hora chegou.
Por isso, hoje é o início de uma nova travessia. De newsletter, passaremos a ser a Revista Travessias - digital, multimídia e interativa. Para isso, contaremos com novos tripulantes que irão guiar essas jornadas por aqui. A cada bimestre viajaremos por um tema central, em que os colunistas abordarão de acordo com seus pontos de vista e trabalhos.
O tema de maio e junho, como você já deve ter percebido, é transição. Por isso, nas próximas semanas você conhecerá os novos tripulantes dessa travessia falando sobre as suas perspectivas e histórias acerca do assunto.
Walter Stenboock abrirá a temporada com um texto para nos fazer refletir nosso modo de pensar o saber. Depois é a vez de Bruna Buch nos contar “o que aprendeu com as cianobactérias”. Na quarta semana, Marina Dain nos brindará com um texto sobre transições na forma como nos relacionamos. E encerraremos o mês com a indicação de uma leitura para transições no nosso #TeIndicoUmLivro.
Iniciaremos o mês de junho com um e-mail em formato de cordel (💛!) escrito por Auritha Tabajara. Depois é a vez de Felipe Cunha trazer sua visão para o tema. Finalizaremos essa jornada sobre transição com um episódio do podcast #Li,Grifei,Compartilhei, em um novo formato - que, aliás, você poderá participar enviando um áudio de leitura de um trecho que lembra o tema para o olá.travessias@gmail.com.
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2 Mergulhos por bimestre - sugestões de práticas para aprofundamento dos temas da Travessia e fóruns de diálogos sobre o que cada pessoa vivenciou;
1 Encontro online com os membros da comunidade, a cada bimestre, para aprofundarmos nossas conexões e celebrarmos (na plataforma Zoom);
Acesso gratuito por 2 meses a 1 curso/vivência gravado por um dos colunistas;
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💠Tá afim de se aprofundar na Teoria das Transições e criar um negócio ecológico?
Então você vai gostar de ler o “Negócios Ecológicos na era do greenwashing”. Neste livro, Lívia Humaire, criadora da página @transicoes_ecologicas, nos apresenta os conceitos e a fundamentação da Teoria das Transições, conta suas próprias mudanças de vida e também apresenta caminhos para desenvolvimento de negócios regenerativos. É uma leitura que funciona como bálsamo para corações aflitos e desesperançosos e inspiração para quem quer arregaçar as mangas e fazer um novo mundo acontecer. (Cheio de casos reais de empresas que estão atuando de forma diferente no mundo!)
“Transição eco-lógica é pensar em processos e transformações de curto, médio e longo prazos coerentes com a bioesfera do planeta e com as sociedades.”
Lívia Humaire
💠 O aprendizado e a transição para novas formas de viver é um caminho em espiral que vai se expandindo... E não tem fim!
Nosso rabisco reflexivo:
💠"Onde a indefinição é estado permanente das coisas, poderia a literatura dar conta de descrever este mundo em convulsão? O que morre? O que está nascendo?”
É com essa provocação que convidamos você a ler a newsletter de Talissa Monteiro, onde ela escreve “narrativas de um outro mundo”: